Com certeza um amigo, um colega de trabalho ou um parente, já te indicou um remédio que para ele foi “tiro e queda”, mas que para você não deu certo. Provavelmente, você também já se perguntou por que certos medicamentos funcionam para algumas pessoas e para outras não. Isso acontece porque nenhuma pessoa é exatamente igual à outra, o que chamamos de variabilidade genética. Ou seja, além de fatores como o estado de saúde e a influência ambiental, as diferenças genéticas entre os indivíduos podem afetar na ação de um medicamento em cada organismo.
Para entender essa relação entre os fatores genéticos e a eficácia de um medicamento, existe uma área chamada Farmacogenética. Esta ciência estuda os aspectos genéticos em cada indivíduo e avalia como eles podem afetar a interação do organismo do paciente com certos medicamentos, prevendo quem irá responder melhor ou não, os grupos de pessoas com alto risco de efeitos adversos ou falha do tratamento.
Um estudo publicado na revista científica Clinical Pharmacology and Neuroscience, por exemplo, mostrou que cerca de 30 a 50% dos pacientes depressivos não respondem de maneira adequada ao primeiro medicamento prescrito e que apenas 37,5% obtêm remissão dos sintomas. Isso se deve a diversos fatores, muitos dos quais genéticos, que estão relacionados especialmente às reações que acontecem no organismo humano quando o paciente ingere o medicamento.
 

 
Mas como os médicos conseguem identificar o medicamento ideal para cada paciente? Antes de responder essa pergunta, é importante entender o funcionamento dos medicamentos no organismo a partir de três variáveis: a etapa farmacêutica, etapa farmacocinética e a etapa farmacodinâmica.
A fase farmacêutica estuda desde a liberação do medicamento a partir da forma em que foi fabricada (comprimido, cápsula, xarope, entre outros) até a absorção pelo nosso organismo. Já a fase farmacocinética, é o caminho percorrido pelo medicamento dentro do nosso corpo desde o momento em que é absorvido até a excreção. Por fim, a farmacodinâmica estuda como o medicamento causa  os efeitos no local em que se propõe agir. Por exemplo, quando você toma um remédio para dor de cabeça, ocorrem alterações no interior do seu corpo para que, como em um passe de mágica, sua enxaqueca vá embora.

Como escolher o medicamento ideal

Pode parecer bem complexo para os médicos e especialistas escolherem o medicamento ideal para o paciente. No entanto, estar ciente do perfil genético do paciente antes do início da terapia pode ser a chave para um tratamento mais assertivo, com menor período de ajuste e de tentativa e erro, além, é claro, de maiores chances de remissão dos sintomas e sucesso no tratamento.
Não é à toa que os exames farmacogenéticos, bastante difundidos em países desenvolvidos, como Estados Unidos e Canadá, vêm ganhando espaço no Brasil. Com o auxílio da Farmacogenética, o especialista poderá ter mais segurança e assertividade ao prescrever o medicamento adequado e a dose correta,  já que possuirá informações importantes sobre o perfil genético do paciente. Vale ressaltar, entretanto, que o exame farmacogenético não é uma ferramenta diagnóstica, mas, sim, uma pesquisa de caráter informativo para otimizar o resultado do tratamento do paciente. O exame deve ser utilizado em conjunto com outras informações do indivíduo, como dieta, estilo de vida e ambiente familiar/profissional.
Atualmente, a maior demanda para exames farmacogenéticos vem de profissionais das áreas de psiquiatria e oncologia, que buscam por estratégias terapêuticas que ofereçam o máximo de eficácia e o mínimo de efeitos colaterais. Porém, muitas pessoas buscam o exame para fins de autoconhecimento, e, para estes, desenvolvemos um painel mais simplificado, focado em medicamentos de uso comum e que não precisa de pedido médico. Caso você tenha interesse em realizar um teste farmacogenético, conheça o Genera Farma. Se você já fez o seu teste, confira aqui como entender o seu resultado.
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Referências

BRADLEY, P. et al. Improved efficacy with targeted pharmacogenetic-guided treatment of patients with depression and anxiety: A randomized clinical trial demonstrating clinical utility. J Psychiatr Res. 2018 Jan;96:100-107.
FERRAZ, H. Formas farmacêuticas sólidas: comprimidos e comprimidos revestidos. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3500709/mod_resource/content/0/Comprimidos%20e%20comprimidos%20revestidos.pdf . Acesso em 08/2019.
RANG, H. et al.Rang & Dale: Farmacologia. 8 ed. São Paulo: Elsevier, 2016.
SINGH, A. Improved Antidepressant Remission in Major Depression via a Pharmacokinetic Pathway Polygene Pharmacogenetic Report. Clin Psychopharmacol Neurosciv.13(2); 2015 Aug. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4540033/. Acesso em 09/2020.